Pages

Subscribe:

27.12.12

"Ser ou não ser europeu?", se perguntam os ingleses


À medida que a crise do euro se arrasta, um número crescente de ingleses festeja a existência da libra — e põe em dúvida as vantagens de manter a Inglaterra na União Europeia
Ônibus passa perto do Parlamento, em Londres
Londres: fora da União Europeia, a cidade correria o risco de 
perder o título de centro financeiro da Europa
São Paulo - "Fortaleza que a Natureza para si construiu / Contra as doenças e os braços invasores; / Esta raça feliz, mundo pequeno, / Esta pedra preciosa, colocada num mar de prata / Que lhe faz as vezes de muro intransponível / Ou de fosso que lhe defende a casa"
As palavras acima são de João de Gaunt, personagem da peça Ricardo II, de William Shakespeare. Como acontece com quase toda a obra do maior autor da literatura inglesa, esse trecho escrito há mais de quatro séculos continua atualíssimo. A descrição da Inglaterra feita por João de Gaunt revela o orgulho de viver numa ilha protegida da Europa.
“Neblina no Canal da Mancha: continente isolado” é uma manchete de jornal publicada há muitos anos, mas até hoje repetida em tom de brincadeira. Mesmo antes do estouro da crise europeia há cerca de quatro anos, a Inglaterra era um dos únicos países da região onde pessoas respeitadas internamente defendiam a saída do bloco econômico.
Para elas, os 50 quilômetros que separam as cidades de Dover, na Inglaterra, e Calais, na França, são mais distantes do que os 5 000 quilômetros entre Londres e Nova York. Agora, a possibilidade que por muito tempo reinou apenas no campo das ideias tem alguma chance de se tornar real.
O governo do primeiro-ministro David Cameron se vê cada vez mais pressionado a renegociar o papel do país na União Europeia. A proposta de um plebiscito não está totalmente descartada — as pesquisas de opinião mostram que metade dos ingleses prefere bater em retirada do bloco europeu.
Uma parte relevante da pressão por um referendo vem de Nigel Farage, um inglês de 48 anos que se transformou em celebridade na cena política local. Ex-operador de commodities na City de Londres, ele é o líder do Partido da Independência do Reino Unido (Ukip). Fundado em 1993, o Ukip era uma legenda insignificante até conquistar 12 cadeiras no Parlamento Europeu em 2004.
As pesquisas de opinião mais recentes indicam que o partido tem o apoio de 13% do eleitorado, mais do que os liberais democratas — até então a única alternativa aos partidos Conservador e Trabalhista, que comandam o país há décadas. A cada manchete de jornal sobre a crise europeia, o Ukip ganha novos simpatizantes, todos contrários à ideia de que para sair da crise é preciso aprofundar a relação entre os países europeus.
“A Inglaterra se preocupa demais com o balanço de poder entre as nações europeias. Por isso, tem alergia a qualquer discussão que mencione a necessidade de haver maior união”, afirma Nicolaus Heinen, economista do Deutsche Bank, em Frankfurt. Informações Exame.

0 comentários:

Postar um comentário